lundi 3 mai 2010

carreguem_sic_especial_portugal






editorial,
por Pierre Hunout


Não! Nem todos os poetas já morreram! A poesia é arte, é falar, é a arte de falar –às vezes ficando calado– e falar quer seja a língua, quer seja a época, o poema é que fala. Falar sobre os abismos, as serpentes e a realidade que revela uma outra face, a que esse mundo cada vez mais esconde, isto é, falar de tudo aquilo que nos rodeia. Daí, como falar de poesia sem ser chato (já que não é fácil, pois ao pronunciar a palavra já se afastou a metade mais um terço do público)? E como mostrar às pessoas que a poesia é uma arte oral e sendo assim uma arte viva, bem como o teatro ou ainda a música?

Foi no seio destas perguntas que surgiu o colectivo de poetas dixit, associação criada há 6 anos por quatro estudantes da Faculdade de Letras de Toulouse (França). Desde o princípio o objectivo foi (e continua sendo) caminhar na poesia contemporânea, de um lado publicando uma revista semestral com uma nova geração de poetas e, do outro, lendo em público tanto os seus poemas como autores franceses e estrangeiros menos conhecidos. Por exemplo, foram tirados da sombra os surrealistas esquecidos ou ainda os poetas da Beat Generation. Portanto, a dixit aponta uma experiênça partilhada, fora de qualquer concorrência, mas sim na emulação, no interesse comum para aquilo que o outro faz e tem para dizer. É que saber ouvir e ter bons olhos parecem-nos os pré-requisitos para se tornar poeta. Ou seja, a dixit é apenas uma tentativa para alargar o horizonte e a criatividade de cada um dos seus autores, e por consequência, dos seus leitores/ouvintes.

Há um ano, lançámos o impresso que está a ler neste momento. E queriamos alguma coisa gratuita e disponível em sítios a que a poesia muitas vezes não chega. Podia ser, sei-lá!, uma padaria, um bar de noite ou a esplanada da Faculdade de Letras. De qualquer modo, o objectivo era (e continua sendo) que cada um possa ler um pouco de poesia uma vez por mês e mostrar que não é uma arte reservada a um elite. Longe disso, a poesia é viva e, na nossa opinião, ajuda a pensar o mundo na sua diversidade.

Hoje em dia, estamos felizes por este número especial Portugal sair nas duas línguas, francês e português. Uma oportunidade para fortalecer as pontes entre duas terras cujas histórias são estreitamente ligadas. Um número especial para o público francês se interessar mais no que se diz depois do Pessoa e o público português ficar mais atento às novas gerações da poesia francesa.

Esperando que goste, até breve!





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